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quarta-feira, novembro 25, 2009

G1 > Concursos e Emprego - NOTÍCIAS - Concurso da PRF é suspenso por 60 dias para apuração de denúncias pelo MPF

G1 > Concursos e Emprego - NOTÍCIAS - Concurso da PRF é suspenso por 60 dias para apuração de denúncias pelo MPF:

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25/11/09 - 14h18 - Atualizado em 25/11/09 - 15h50

Concurso da PRF é suspenso por 60 dias para apuração de denúncias pelo MPF

Candidatos bem colocados fizeram o exame em salas extras.
Organizadora eliminou 27 classificados após constatar irregularidades.


Do G1, em São Paulo


O Ministério Público Federal recomendou a suspensão por 60 dias do concurso da Polícia Rodoviária Federal para 750 vagas até que sejam apuradas as denúncias de supostas fraudes. A Funrio e PRF acataram a recomendação na terça-feira (24).

A Procuradoria da República no Rio de Janeiro instaurou procedimento para investigar as denúncias. O caso está agora com o procurador Carlos Alberto Bermond.


Nenhum resultado de prova será divulgado até a conclusão da investigação, segundo a assessoria de imprensa da Funrio. O resultado da redação, que estava previsto para ser informado na terça-feira, não foi divulgado.


De acordo com a assessoria de imprensa da Funrio, a entidade está empenhada em descobrir os motivos das ocorrências de irregularidades.


Veja nota oficial da Funrio:


“A FUNRIO e a PRF acataram a recomendação do Ministério Público Federal, para que o concurso público de provisão de cargos para a Polícia Rodoviária Federal, realizado no dia 18 de outubro, seja suspenso pelos próximos 60 dias. Neste período, serão intensificadas, juntamente com o MPF, as investigações relativas às supostas tentativas de macular o concurso.

As primeiras conclusões da investigação interna realizada pela FUNRIO já apontam o “modus operandi” e permitem a conclusão prévia de que não houve, em definitivo, o vazamento de nenhum dos 100 tipos de gabaritos diferentes utilizados pela organizadora e nem a contaminação do concurso.

A FUNRIO reafirma o compromisso assumido com os candidatos e continua empenhada em descobrir a verdade. A organizadora não vai poupar esforços em colaborar com todas as informações junto ao Ministério Público para identificar os responsáveis e, assim, poder dar prosseguimento ao certame.”


Denúncias

Entre as denúncias encaminhadas pelo juiz federal William Douglas à Procuradoria desta vez estão cópias de cartões de resposta de candidatos nas primeiras colocações com erros de preenchimento, indicações de que os primeiros colocados fizeram a prova em salas extras e de que alguns candidatos bem classificados já teriam passado em concursos anteriores da Funrio, organizadora do concurso.

Investigações preliminares da Funrio, segundo a assessoria de imprensa da instituição, provaram que não houve vazamento da prova nem do gabarito. Ainda de acordo com a assessoria, o relatório com o resultado dessas investigações será encaminhado para o MPF.

A Funrio dediciu eliminar 27 candidatos que haviam sido classificados na lista preliminar do exame do resultado final divulgado na madrugada do dia 12 de novembro.

As eliminações ocorreram por irregularidades nos cartões de resposta e suspeita de fraude. A maioria dos eliminados tinha as melhores notas. A lista com o resultado final do concurso está no site da Funrio (www.funrio.org.br).

Entre os eliminados estão os 13 candidatos com melhores notas do Rio de Janeiro, os três primeiros de São Paulo e os dois primeiros de Minas Gerais. Os demais eliminados são de diversos estados, disse a Funrio. Apesar da suspeita de fraude, a Funrio diz que não há indícios de vazamento de prova nem de gabarito e abrirá uma sindicância interna para apurar os motivos das irregularidades. O relatório da sindicância, que deve ficar pronto de 10 a 15 dias, será encaminhado para a Polícia Federal.


No total, 109.793 candidatos se inscreveram para as 750 vagas do concurso, que exige nível superior.


Segundo a organizadora, grande parte dos candidatos eliminados fez a prova em salas extras, usadas para atender candidatos que estavam no prédio errado do local marcado para a realização da prova por algum motivo.

Polícia Rodoviária Federal abriu concurso para 750 vagas (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

Muitos candidatos haviam se inscrito para mais de um estado e tiveram de ficar apenas com a primeira opção após o Ministério Público Federal mudar a regra do concurso. Por conta disso, alguns desses candidatos tiveram o local da prova marcado em estado distante da onde moram e, para não precisar viajar para o exame, fizeram a prova no próprio estado, mas em uma sala extra.


Os cartões irregulares foram preenchidos com letras diferentes e têm índice de acerto superior ao dos demais candidatos. A Funrio disse que a identificação dos cartões irregulares ocorreu graças a um sistema digital, chamado Sherlock, que funciona como uma espécie de pente fino na conferência dos cartões.

Hackers

De acordo com a Funrio, cartões respostas com irregularidades já haviam sido encontrados por candidatos no próprio site da organizadora. A Funrio disse que hackers invadiram seu sistema na internet de uma forma que candidatos conseguiram ver o cartão resposta de outras pessoas. As imagens dos cartões com irregularidades foram amplamente divulgadas por candidatos na internet e em vídeos pelo youtube.


Por conta da divulgação dos cartões de respostas irregulares, a Funrio afirmou que intensificou a conferência dos cartões repostas para a divulgação do resultado final.


Além dos 27 eliminados no resultado final, a Funrio disse que outros 45 candidatos já haviam sido eliminados nas demais etapas do concurso por razões como usar aparelhos eletrônicos nas provas, tentativa de "cola" ou preencher o cartão resposta de forma incorreta.

MP encerra investigação

O Ministério Público Federal (MPF) havia encerrado outra investigação sem propor ação civil pública de supostas irregularidades ocorridas no concurso, como duplicidade de inscrições e tumulto em um local de aplicação de prova no Rio de Janeiro.

De acordo com a assessoria de imprensa do MPF, a partir dos dados reunidos desde setembro, o procurador da República Edson Abdon Filho concluiu que a possível falta de isonomia dos inscritos foi regularizada e que o incidente ocorrido na aplicação da prova na Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, não motiva a proposição de ação civil pública na Justiça.

A investigação focalizou cinco possíveis irregularidades: a dispensa indevida de licitação; o favorecimento de candidatos com escolha de vaga da lotação; o não-ressarcimento de taxas de inscrição em duplicidade; a divergência entre o local de realização da prova e o da vaga disputada; e o tumulto na aplicação das provas na UGF.

Anulação

Para William Douglas, professor, juiz federal e autor de 28 livros sobre técnicas e dicas de preparação para concursos, o fato de a Funrio eliminar os candidatos é confirmação inequívoca de que houve fraude. “As denúncias não são despropositadas”, diz.


Para ele, o concurso deve ser anulado. “O que aconteceu tira a credibilidade. Não se pode permitir que se entre na polícia através de fraude. Não haverá dúvida de que esse candidato envolvido em irregularidade será um policial corrupto e usará o cargo para ganhar dinheiro”, diz.

Ele defende que o fato seja devidamente apurado e que quem participou da fraude vá para a cadeia. "Tem que haver inquérito policial porque isso é crime", afirma.

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sexta-feira, maio 23, 2008

MP-PB lança campanha para combater abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes - Observatório da Criminologia (Prof. Lélio Braga Calhau)

 

Segunda-feira, 19 de Maio de 2008

MP-PB lança campanha para combater abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes

O Ministério Público da Paraíba realizará nesta segunda-feira (20) a 1ª Conferência Regional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Vale do Mamanguape. A Conferência será aberta às 8h30, na Escola Estadual João Fernandes de Lima, na cidade de Capim, com a palestra da professora Maísa Kilma de Lima Gondim.

 

De acordo com a Promotora de Justiça de Mamanguape, Ana Maria de França Coutinho, a proposta é fazer um enfrentamento no combate ao abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes nos municípios que formam o Vale do Mamanguape, tendo em vista ser essa região local de grande incidência de casos.

 

Na segunda-feira à tarde será realizada uma caminhada para mobilizar a população e conscientizar da necessidade de se lutar contra o abuso sexual. Na terça-feira, será lançado o Projeto Menina Abusada, com a apresentação da peça, nos municípios de Itapororoca e Mataraca.

 

Por fim, na quarta-feira, será realizado um pedágio na BR que corta o município de Mamanguape. "Nós pretendemos parar todos os caminhoneiros, que é o nosso principal foco, para panfletar e orientar que a prostituição de crianças e adolescentes é crime. Vamos panfletar e utilizar carros de som nesse pedágio", relatou a Promotora de Justiça.

 

Assessoria de ImprensaMinistério Público - PB(83) 2107.6015

Observatório da Criminologia (Prof. Lélio Braga Calhau)

 

 

Crianças são abusadas sexualmente até por R$ 0,50 no Estado da Paraíba, segundo pequisadora - Observatório da Criminologia (Prof. Lélio Braga Calhau)

 

Crianças são abusadas sexualmente até por R$ 0,50 no Estado da Paraíba, segundo pequisadora

 

A Paraíba é o terceiro estado brasileiro em que mais ocorre o abuso sexual contra crianças e adolescentes, existindo cerca de 50 rotas sexuais, apenas nas rodovias federais no Estado. Na região do Vale do Mamanguape, há crianças que são abusadas sexualmente até por R$ 0,50. Esses dados foram apresentados pela professora de Direito Processual Penal Kilma Maisa Lima Gondim durante a 1ª Conferência Regional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Vale do Mamanguape.


A conferência, promovida pelo Ministério Público da Paraíba, ocorreu na manhã desta segunda-feira (19), no Município de Capim. Participaram do evento representantes do MP, Judiciário, Prefeituras, Polícia Militar, além de representantes de 16 Conselhos Tutelares de vários municípios da Região do Vale Mamanguape.


Segundo a Promotora de Justiça da Infância e Juventude de Mamanguape, Ana Maria França, a conferência fez uma abordagem social e jurídica do tema Abuso e Exploração Sexual de Criança e Adolescente, orientando os conselheiros tutelares a fazerem uma fiscalização mais dinâmica e a realizar um atendimento mais efetivo às vitimas. “Também estamos promovendo a segunda Marcha de Combate à Exploração Sexual. Depois da primeira marcha, as pessoas tomaram coragem para denunciar e houve um grande aumento no número de denúncias. Nossa meta é ampliar ainda mais essa margem, através do Disque 100”, declarou.


A Promotora ainda relacionou os fatores que cooperam para o alto índice de abuso sexual na Região do Mamanguape. “Além da pobreza, desesperança, falta de estrutura familiar, analfabetismo, associados à falta de conhecimento e orientação das crianças e adolescentes, devemos também considerar que essa é uma região de passagem de BR, propício para a ocorrência desse tipo de crime. Por isso também faremos, o pedágio, com apresentação teatral em plena BR, para orientação e alerta aos caminhoneiros, transeuntes e demais motoristas”, relatou.


Para a palestrante da conferência, a professora de Direito Processual Penal, com mestrado no tema da exploração sexual da criança e do adolescente na cidade de Guarabira-PB, Kilma Maisa Lima Gondim, esse crime envolve muito mais uma relação de poder do que de sexo. A criança vítima confunde as relações de afeto e passa a enxergar o adulto não como um protetor, mas como um ser que ofende. “Na família, onde elas deveriam ter a maior proteção e confiança é onde ocorre o maior número de casos de exploração”, afirmou Kilma Maísa, acrescentando que, “além de tudo isso, há ainda o mercado sexual para crianças e adolescentes que é muito forte no Brasil, vez que essa exploração é feita em rede: hotéis, motéis, restaurantes, bares, agências de modelo, taxistas”.


Para o Subprocurador-geral de Justiça, José Raimundo de Lima, o Ministério Público tem que fazer essa ação em defesa da criança e do adolescente, porque é própria dele e amplia os laços de fraternidade entre os próprios órgãos que atuam nessa área. “Nós encampamos o projeto Menina Abusada, que foi uma proposta trazida pela Promotora de Justiça, Fabiana Lobo, e estamos desenvolvendo esse trabalho em várias cidades que estão se integrando. Pretendemos levá-lo para toda a Paraíba”, afirmou.

 

Observatório da Criminologia (Prof. Lélio Braga Calhau)

 

 

terça-feira, maio 13, 2008

Boletim Jurídico - A grande mídia, um poder de fato que se sobrepõe aos poderes constituídos

 

A grande mídia, um poder de fato que se sobrepõe aos poderes constituídos

 

Autor:José Batista de Andrade
Juiz de Direito no Ceará, ex-Juiz de Direito na Paraíba e ex-Promotor de Justiça no Pernambuco

Inserido em 13/11/2007
Parte integrante da Edição nº 251


Revista Consulex

        São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. É assim que está dito no art. 2º da nossa Constituição da República. Além disso, no seu art. 127, foi instituído o Ministério Público, para defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Assim, temos três Poderes constituídos e mais uma instituição autônoma; tudo isso para prevenir o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais da pessoa humana. Não há, pois, previsão de mais nenhum outro Poder. Acontece, porém, que, na prática, temos visto com muita freqüência a atuação de um Poder de fato que se sobrepõe aos Poderes constituídos: a grande mídia.

        Segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, mídia é a designação genérica dos meios de comunicação.

        Para Alexandre de Moraes, meio de comunicação é toda e qualquer forma de desenvolvimento de uma informação, seja através de sons, imagens, gestos .

        É Através dos meios de comunicação que se exerce o direito fundamental de liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Portanto, como forma de garantir o direito de comunicação, a nossa Constituição da República assegurou a liberdade dos meios de comunicação, no seu art. 220. Mas, ao discipliná-los, ela lhes restringiu o sentido, dando atenção especial ao jornal, as revistas, o rádio e a televisão. Isso porque, de uma forma geral, as informações são basicamente veiculadas através destes quatro meios de comunicação.

        Diz a sabedoria popular que a propagando é a alma do negócio. Mas, como se sabe, a alma sem corpo ninguém ver. Então para ser vista, a propaganda precisa de um corpo, ou seja, precisa dos meios de comunicação. Juntas, elas podem fazer o bem, muito bem, ou o mal, muito mal. No primeiro caso, quando a informação é verdadeira e imparcial; no segundo, quando ela é apresentada com desvio de finalidade.

        O direito a informação verdadeira e imparcial também é um direito fundamentação da pessoa humana, ou seja, todos nós temos o direito fundamental de sabermos a tempo e a hora as notícias de interesse público. E como essas notícias são veiculadas normalmente através da rádio difusão sonora e de sons e imagens, ou seja, através do rádio e da televisão, esses serviços são essencialmente públicos; porém, a sua operacionalização é feita através de concessão, permissão ou autorização públicas. Isto é, o poder público delega à iniciativa privação a prestação desse serviço público. Em outras palavras, o serviço de rádio difusão sonora e de som e imagem é do povo, é nosso, cabendo, pois, ao dono da rádio ou da televisão a obrigação de encontrar as notícias e veiculá-las ao povo, de forma verdadeira e imparcial, ou seja, sem juízo de valor tendencioso a beneficiar ou prejudicar propositadamente alguém. Mas, lamentavelmente, não é assim que tem procedido a grande mídia.

        À expressão grande mídia, entenda-se: a Rede Globo, o Jornal Folha de São Paulo, o Jornal o Estadão e a revista Veja. Esta, chamada de a última flor do Fascio, pelo jornalista e apresentador Paulo Henrique Amorim, no seu Blog Conversa Afiada, que assim afirmou: O Brasil é a única democracia do mundo que tem três jornais – Globo, Folha e Estado -, uma rede de teve com 50% da audiência e 70% da publicidade, e uma revista que é a última flor do Fascio . Isso significa dizer que os nossos meios de comunicação são, sim, de fato, objeto de oligarquia, apesar da expressão vedação contida no § 5º, do art. 220, da Constituição da República, que assim prescreve: Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. (grifei)

        Uma vez oligopolizada, a nossa grande mídia, conservadora e golpista, na opinião do jornalista citado, transformou-se num grande partido político e num super-poder de fato. Ela constantemente tem acuado o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, fazendo com que estes poderes constituídos ajam conforme a sua conveniência. Para tanto, agem com o falso escudo da opinião pública, para ditarem as regras do jogo político, muitas vezes á revelia das normas constitucionais e legais. Nem a Suprema Corte, que é o órgão de cúpula do nosso Poder Judiciário, em tese de natureza técnica, tem conseguido resistir às investidas da grande mídia. O exemplo mais evidente e recente foi o caso do recebimento da denúncia dos quarenta mensaleiros, do chamado "Mensalão do PT". Nesse fato, um agente de uma das pilastras da grande mídia, no caso o jornal Folha de São Paulo, flagrou a troca de e-mails entre Ministros dessa Corte, durante a sessão de admissibilidade da referida denúncia, cujo conteúdo, em tese, visava beneficiar ao ex-ministro José Dirceu, apontado na denúncia como o "chefe do Mensalão". Resultado, a Suprema Corte, segundo outro flagra de um dos seus ministros, quando falava informalmente e em voz alta ao telefone celular, também noticiado pela grande mídia, "com a faca no pescoço", não teve ora saída senão transformar em réus os quarenta denunciados, inclusive o ex-todo poderoso, Ministro José Dirceu.  

        E por falar no ministro José Dirceu, ele, ao assumiu a pasta da Casa Civil do governo Lula, numa situação que o tornava Primeiro Ministro de fato, disse que a relação com a Rede Globo era com ele, porque ela representa uma questão de Estado. Numa outra oportunidade, dessa vez no programa Roda Viva, da TV Cultura, levado ao ar no dia 16.05.2005, época em que a Rede Globo estava em concordata, ele anunciou que o governo Lula iria ajudar empresas estratégicas como a Globo e a Varig. Depois do escândalo do "Mensalão", e a sua conseqüente cassação, ele afirmou que tudo não passou de uma conspiração da grande mídia.

        A grande mídia, diga-se: a Rede Globo, o jornal Folha de São Paulo, o jornal o Estadão e a revista Veja, com muita freqüência, tem denunciado, julgado e condenado os agentes políticos, principalmente quando estes integram um governo com raízes trabalhistas, como é o caso do governo atual. Essa é razão porque tem surgido tantas crises no governo Lula. Por isso, no governo FHC, que nada tinha de trabalhista, quase não houve crise política, apesar dos vários escândalos de corrupção que se tem notícia, dentre eles o da compra de votos de parlamentares para aprovar a Emenda Constitucional da Reeleição, o das privatizações das empresas estatais, em especial na venda da Vale do Rio Doce por apenas 1% (um por cento) do seu valor real, um verdadeiro crime de lesa-pátria, cometido pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso, dentre tantos outros, como o da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). Neste último, o que o governo fez foi extinguir a Sudene, um dos maiores patrimônio do povo nordestino, fruto da privilegiada inteligência de um dos maiores economistas que o Brasil já teve, o nordestino e paraibano, Celso Furtado, no governo de Juscelino Kubitschek. Ou seja, FHC utilizou aquela máxima radical: "para acabar com os carrapatos, mata-se a vaca". Acontece que os carrapatos não morreram, passaram para outras vacas, e até mudaram de nomes, para sanguessugas, dentre outros. Vale salientar que esse governo teve até ministro da família dona da revista Veja, a Sra. Cláudia Coxin.

        Certamente com o mesmo nível de corrupção do governo anterior, ou, quiçá, menor, já que, ao contrário daquele, não houve grandes privatizações, o governo atual vive sob intenso tiroteio da grande mídia. Ela não dá trégua, é uma crise em cima da outra, muitas das vezes fruto de denúncia vazia, ou com desvio do foco para não respingar no governo passado. Quer vem um exemplo bem notório: o caixa dois utilizado pelo PT é chamado de "Mensalão do PT"; o caixa dois do PSDB é chamado de "Mensalão mineiro". Neste não se fala no Senador Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, nem tão pouco no atual governador de Minas Gerais e pré-candidato a presidente da República nas eleições de 2010, o Sr. Aécio Neves. E isso faz muita diferença: aliena a opinião pública.

        Opinião pública, segundo J. M. Othon Sidou, in Dicionário Jurídico. 2ª ed. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 2001, é o conceito fluido e oscilante de afirmação da vontade popular, em assuntos que dizem respeito à condução dos destinos de uma coletividade politicamente organizada .

        Ora, assim o sendo, por que a vontade popular quase não questionou a provável compra de votos de parlamentares para aprovação a Emenda Constitucional da reeleição de FHC; mas, ao contrário, questionou tanto a compra dos votos dos parlamentares mensaleiros do governo Lula? A resposta a essa pergunta é fácil. É porque aquele governo é de origem imperialista, jogava com as mesmas cartas da grande mídia, ou seja, nada de nacionalismo, tudo de entreguismo; este, ao contrário, tem origem trabalhista. Por isso, é odiado pela grande mídia, porque fere os seus interesses conservadores, imperialistas. Então, sendo assim, fica claro que as crises do atual governo não decorrem da opinião pública, mas, sim, do que escrevem os grandes colunistas da grande mídia escrita – jornais Folha de São Paulo e Estadão, e da revista Veja – e os grandes apresentadores e comentaristas da grande mídia televisada – a Rede Globo.

        Esse jogo sujo da grande mídia vem de muito tempo. Ela, através dos jornais Tribuna da Imprensa, do jornalista Carlos Lacerda, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, do Estado de São Paulo, do jornalista Júlio Mesquita Filho e do jornal O Globo, do jornalista Roberto Marinho, tinha ódio de Getúlio Vargas, que governou o Brasil no período compreendido entre 1951 a 1954, por ser trabalhista e nacionalista. Por isso, serviram de instrumento da CIA, para corromper a opinião pública a aceitar a todo custo a derrubada de Getúlio Vargas. A pressão foi tão grande e insuportável, que obrigou Getúlio Dornelles Vargas a suicidar-se, na manhã do dia 24 de agosto de 1954. Motivo puramente econômico, as empresas americanas não queriam que Getúlio desenvolvesse a indústria de base nacional, como a do aço e a da geração de energia elétrica, por exemplo, nem muito menos controlasse a remessa dos seus lucros para as suas matrizes. Em outras palavras, naquela época a nossa grande mídia, assim como hoje, já estava a serviço dos interesses imperialista, e não do povo brasileiro.

        O poder da grande mídia sempre foi muito forte. Tanto é verdade, que, em 1957, quando o presidente da República Juscelino Kubistschek tentou criar a TV pública, o magnata das comunicações brasileiras, na época, o dono dos Diários Associados e da TV Tupi, Assis Chateaubriand, deu-lhe o seguinte ultimado: "se você criar a TV pública eu lhe tiro da Presidência da República". E Juscelino desistiu da idéia, porque não queria abreviar o seu mandato. Certa vez, perguntaram a Chateaubriand porque ele não ia ser Ministro de Estado. E ele respondeu: "não preciso ser Ministro, eu faço ministros!".

        João Goulart, pela sua natureza trabalhista e nacionalista, a grande mídia da sua época não lhe deu trégua. Ela foi o corpo que se juntou à alma da CIA para impedir a posse de Jango, com a renúncia de Jânio Quadros. Não conseguiu, mas estimou fortemente a instituição do parlamentarismo, uma excrescência na nossa história republicana, para tirá-lo do centro do poder. Mas, o povo queria Jango também como chefe de governo; por isso, no plebiscito realizado no dia 06 de janeiro de 1963, cerca de nove milhões de leitores dos dez que votaram disseram SIM a Jango. Ele obteve o record de votação da nossa história, até então.

        Com os poderes que o sistema presidencialista dão ao presidente da República, e com o massivo apoio popular, Jango tentou implementar as reformas de base e controlar das remessas dos lucros das empresas multinacionais para os seus paises de origem. Foi o seu fim! A CIA preparou o golpe militar de 1964, com amplo apoio da grande mídia brasileira da época, sob o pretexto de previr o golpe dos comunistas, mas que, no fundo, era para impedir o desenvolvimento do país e manter a remessa dos extraordinários lucros das empresas americanas.

        Como o dito popular, a história se repete. Após a redemocratização do país, veio o governo FHC, que em maldita hora disse que tinha vindo para por fim à era Vagas. E, com amplo apoio da grande mídia, esfacelou o Brasil. Deu, a preço de banana, a Vale do Rio Doce, um patrimônio do povo brasileiro de certa de 200 bilhões de dólares, construído pela política nacionalista de Vargas. Um crime de lesa-pátria praticado pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso em co-autoria com a grande mídia. Foram oito anos de desmonte do Estado brasileiro. Mal sobrou a Petrobrás, criada também no governo Vargas, através da campanha "o petróleo é nosso". Mesmo assim, ainda quiseram mudar seu nome para Petrobrax. O Estado foi considerado vilão, sem competência para gerir seu patrimônio, o patrimônio do povo. Hoje, todo esse patrimônio, que foi vendido a preço de banana, está nas mãos dos grandes conglomerados econômicos internacionais, que além de campeões de desrespeito aos direitos dos consumidores, são livres de controle de remessas de lucros aos seus paises de origem. E as Agências Reguladores, criadas para fiscalizar os serviços públicos delegados, têm se comportado igual árbitro de futebol bom, ou seja, não aparece, e deixam os times jogarem como quer.

        Veio o primeiro governo Lula, de raízes trabalhistas, que teve de fazer enormes concessões aos imperialistas e entreguistas, mas, mesmo assim, não se livrou dos freqüentes ataques da grande mídia. Surgiu o "mensalão", que causou um enorme estrago ao PT, mas não conseguiu atingir o alvo principal, o presidente Lula.

        Para evitar um segundo governo Lula, a Rede Globo, em ato semelhante ao que fez no segundo turno da eleição de 1999, quando conseguiu emplacar o burguês, neófito e altruísta Fernando Collor de Melo, contra a vontade popular, nas vésperas do primeiro turno das últimas eleições presidenciais, deixou de noticiar a maior tragédia da aviação civil da nossa história, até então, o acidente do avião da Gol, onde morreram 155 pessoas, para noticiar a apreensão de petistas com uma mala de dinheiro para a compra de um suposto dossiê contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, o Sr. José Serra. O interessante dessa história é que antes da prisão em flagrante, uma equipe da Rede Globo, da Folha de São Paulo e dos comitês de campanha de Alkimin e Serra, respectivamente, candidatos a governador de São Paulo e a Presidente da República, já aguardava a equipe do Delegado federal Bruto, que fez a prisão em flagrante dos petistas. O Delegado Bruno exigiu que a notícia fosse dada no Jornal Nacional. E o golpe deu certo, pelo menos num primeiro momento, pois, Lula que já se considerava eleito, teve que adiar a sua vitória para o segundo turno.

        Mas, diferentemente do que aconteceu no segundo turno das eleições de 1999, a mídia internetizada, em especial aquela que não integra os provedores de propriedade da grande mídia (Uol, da Folha de São Paulo; G1, da Globo, etc), começou a vazar a maracutáia da Rede Globo, descoberta principalmente pela Revista Carta Capital. Resultado, os efeitos dessa maracutáia não conseguiram alcançar o segundo turno das eleições, e o Presidente Lula ganhou de Alckmin com a mesma diferença com que nocauteou Serra: 61% a 39%. Vitória da democracia, derrota da grande mídia.

        Uma vez derrotada pelo povo, a grande mídia não caiu na real. E o bombardeio ao governo do PT continua. Quase toda dia sai uma notícia nova com potencial de gerar uma nova crise no governo Lula, em especial a figura do presidente. É o trafico de influência do irmão Vavá; é a prisão do compadre; é o apagão aéreo; é a queda do avião da TAM; é o caso Renan, e por aí vai.

        Não se deve olvidar que os meios de comunicação, em especial o rádio e a televisão, que alcançam quase todos os 190 milhões de brasileiros, são do povo. Não são da Rede Globo, do jornal Folha de São Paulo, do Jornal o Estadão e nem da revista Veja. Estes são apenas, e tão somente, concessionários de serviço público de comunicação social, de informação. E como tal, são obrigados a veicularem informações verídicas, imparciais, de interesse do povo brasileiro, não, como têm feito, para interresses próprios e dos grandes conglomerados econômicos.

        Por outro lado, é importante que se diga que quase sempre a Pasta do Ministério das Comunicações, em qualquer governo, seja ele de raízes na direita, ou trabalhista, é entregue a um concessionário de serviço público de rádio difusão sonora (rádio) e de som e imagem (televisão). O atual, o Senador Hélio Costa, além de concessionário, é também ex-funcionário da Rede Globo. E se não bastasse, dos atuais 81 Senadores, 27 são concessionários de serviço público de rádio difusão de som e de som e imagem. É por isso que a grande mídia bate em todo mundo, principalmente nos poderes constituídos, muitas vezes com evidente desvio de finalidade. Mas, ao contrário, ela não admite qualquer controle externo. Diz logo que é censura, e que a censura é incompatível com a democracia.

        Num Estado Democrático de Direito não pode existir poder sem o controle do povo. Afinal, o povo é o verdadeiro dono do poder estatal. Portanto, cabe-lhe o controle de qualquer poder político, seja ele constituído, ou de fato, sob pena de abusos e desvio de finalidade.

        Diante do exposto, urge com absoluta prioridade que se regulamente as concessões de rádio difusão sonora e de som e imagem, para que a produção e a programação de suas emissoras de rádio e de televisão cumpram os princípios fundamentais da comunicação social, dispostos nos incisos do art. 221 da Constituição da República, quais sejam:
                I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
                II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
                III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, nos percentuais estabelecidos na lei;
                IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
                Do contrário, continuaremos refém de uma mídia acima dos poderes constituídos, ou seja, apelativa e golpista; inimiga do interesse público .

        Comunicação é poder, e como tal somente pode ser controlada pelo próprio poder. Assim, entendo que uma forma democrática de controlar o poder da mídia é com a criação da TV pública, que atue nos moldes da BBC inglesa, ou seja, sem ingerência do governante de plantão, e com a criação de um Conselho Nacional de Impressa, nos molde do atual Conselho Nacional de Justiça, para o seu controle externo.


BIBLIOGRAFIA:

AGUIAR, Ronaldo Conde. Vitória na Derrota. A morte de Getúlio Vargas. Rio de janeiro: Casa da Palavra.
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O Governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil, 1961-1964. 7ª ed. Rio de Janeiro: Revam; Brasília: EdUnB, 2001.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.
SIDOU,  J.M. Othon. Dicionário Jurídico. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
Site: http//conversa-afiada.ig.com.br/
Site: www.cpdoc.fgv.br/nav-jk/bibliografia

Site: www.tvcultura.com.br/rodaviva.


Boletim Jurídico - A grande mídia, um poder de fato que se sobrepõe aos poderes constituídos

 

 

sábado, maio 10, 2008

Boletim Jurídico - A grande mídia, um poder de fato que se sobrepõe aos poderes constituídos

 

A grande mídia, um poder de fato que se sobrepõe aos poderes constituídos

 

Autor:José Batista de Andrade
Juiz de Direito no Ceará, ex-Juiz de Direito na Paraíba e ex-Promotor de Justiça no Pernambuco

Inserido em 13/11/2007
Parte integrante da Edição nº 251


Revista Consulex

        São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. É assim que está dito no art. 2º da nossa Constituição da República. Além disso, no seu art. 127, foi instituído o Ministério Público, para defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Assim, temos três Poderes constituídos e mais uma instituição autônoma; tudo isso para prevenir o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais da pessoa humana. Não há, pois, previsão de mais nenhum outro Poder. Acontece, porém, que, na prática, temos visto com muita freqüência a atuação de um Poder de fato que se sobrepõe aos Poderes constituídos: a grande mídia.

        Segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, mídia é a designação genérica dos meios de comunicação.

        Para Alexandre de Moraes, meio de comunicação é toda e qualquer forma de desenvolvimento de uma informação, seja através de sons, imagens, gestos .

        É Através dos meios de comunicação que se exerce o direito fundamental de liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Portanto, como forma de garantir o direito de comunicação, a nossa Constituição da República assegurou a liberdade dos meios de comunicação, no seu art. 220. Mas, ao discipliná-los, ela lhes restringiu o sentido, dando atenção especial ao jornal, as revistas, o rádio e a televisão. Isso porque, de uma forma geral, as informações são basicamente veiculadas através destes quatro meios de comunicação.

        Diz a sabedoria popular que a propagando é a alma do negócio. Mas, como se sabe, a alma sem corpo ninguém ver. Então para ser vista, a propaganda precisa de um corpo, ou seja, precisa dos meios de comunicação. Juntas, elas podem fazer o bem, muito bem, ou o mal, muito mal. No primeiro caso, quando a informação é verdadeira e imparcial; no segundo, quando ela é apresentada com desvio de finalidade.

        O direito a informação verdadeira e imparcial também é um direito fundamentação da pessoa humana, ou seja, todos nós temos o direito fundamental de sabermos a tempo e a hora as notícias de interesse público. E como essas notícias são veiculadas normalmente através da rádio difusão sonora e de sons e imagens, ou seja, através do rádio e da televisão, esses serviços são essencialmente públicos; porém, a sua operacionalização é feita através de concessão, permissão ou autorização públicas. Isto é, o poder público delega à iniciativa privação a prestação desse serviço público. Em outras palavras, o serviço de rádio difusão sonora e de som e imagem é do povo, é nosso, cabendo, pois, ao dono da rádio ou da televisão a obrigação de encontrar as notícias e veiculá-las ao povo, de forma verdadeira e imparcial, ou seja, sem juízo de valor tendencioso a beneficiar ou prejudicar propositadamente alguém. Mas, lamentavelmente, não é assim que tem procedido a grande mídia.

        À expressão grande mídia, entenda-se: a Rede Globo, o Jornal Folha de São Paulo, o Jornal o Estadão e a revista Veja. Esta, chamada de a última flor do Fascio, pelo jornalista e apresentador Paulo Henrique Amorim, no seu Blog Conversa Afiada, que assim afirmou: O Brasil é a única democracia do mundo que tem três jornais – Globo, Folha e Estado -, uma rede de teve com 50% da audiência e 70% da publicidade, e uma revista que é a última flor do Fascio . Isso significa dizer que os nossos meios de comunicação são, sim, de fato, objeto de oligarquia, apesar da expressão vedação contida no § 5º, do art. 220, da Constituição da República, que assim prescreve: Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. (grifei)

        Uma vez oligopolizada, a nossa grande mídia, conservadora e golpista, na opinião do jornalista citado, transformou-se num grande partido político e num super-poder de fato. Ela constantemente tem acuado o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, fazendo com que estes poderes constituídos ajam conforme a sua conveniência. Para tanto, agem com o falso escudo da opinião pública, para ditarem as regras do jogo político, muitas vezes á revelia das normas constitucionais e legais. Nem a Suprema Corte, que é o órgão de cúpula do nosso Poder Judiciário, em tese de natureza técnica, tem conseguido resistir às investidas da grande mídia. O exemplo mais evidente e recente foi o caso do recebimento da denúncia dos quarenta mensaleiros, do chamado "Mensalão do PT". Nesse fato, um agente de uma das pilastras da grande mídia, no caso o jornal Folha de São Paulo, flagrou a troca de e-mails entre Ministros dessa Corte, durante a sessão de admissibilidade da referida denúncia, cujo conteúdo, em tese, visava beneficiar ao ex-ministro José Dirceu, apontado na denúncia como o "chefe do Mensalão". Resultado, a Suprema Corte, segundo outro flagra de um dos seus ministros, quando falava informalmente e em voz alta ao telefone celular, também noticiado pela grande mídia, "com a faca no pescoço", não teve ora saída senão transformar em réus os quarenta denunciados, inclusive o ex-todo poderoso, Ministro José Dirceu.  

        E por falar no ministro José Dirceu, ele, ao assumiu a pasta da Casa Civil do governo Lula, numa situação que o tornava Primeiro Ministro de fato, disse que a relação com a Rede Globo era com ele, porque ela representa uma questão de Estado. Numa outra oportunidade, dessa vez no programa Roda Viva, da TV Cultura, levado ao ar no dia 16.05.2005, época em que a Rede Globo estava em concordata, ele anunciou que o governo Lula iria ajudar empresas estratégicas como a Globo e a Varig. Depois do escândalo do "Mensalão", e a sua conseqüente cassação, ele afirmou que tudo não passou de uma conspiração da grande mídia.

        A grande mídia, diga-se: a Rede Globo, o jornal Folha de São Paulo, o jornal o Estadão e a revista Veja, com muita freqüência, tem denunciado, julgado e condenado os agentes políticos, principalmente quando estes integram um governo com raízes trabalhistas, como é o caso do governo atual. Essa é razão porque tem surgido tantas crises no governo Lula. Por isso, no governo FHC, que nada tinha de trabalhista, quase não houve crise política, apesar dos vários escândalos de corrupção que se tem notícia, dentre eles o da compra de votos de parlamentares para aprovar a Emenda Constitucional da Reeleição, o das privatizações das empresas estatais, em especial na venda da Vale do Rio Doce por apenas 1% (um por cento) do seu valor real, um verdadeiro crime de lesa-pátria, cometido pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso, dentre tantos outros, como o da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). Neste último, o que o governo fez foi extinguir a Sudene, um dos maiores patrimônio do povo nordestino, fruto da privilegiada inteligência de um dos maiores economistas que o Brasil já teve, o nordestino e paraibano, Celso Furtado, no governo de Juscelino Kubitschek. Ou seja, FHC utilizou aquela máxima radical: "para acabar com os carrapatos, mata-se a vaca". Acontece que os carrapatos não morreram, passaram para outras vacas, e até mudaram de nomes, para sanguessugas, dentre outros. Vale salientar que esse governo teve até ministro da família dona da revista Veja, a Sra. Cláudia Coxin.

        Certamente com o mesmo nível de corrupção do governo anterior, ou, quiçá, menor, já que, ao contrário daquele, não houve grandes privatizações, o governo atual vive sob intenso tiroteio da grande mídia. Ela não dá trégua, é uma crise em cima da outra, muitas das vezes fruto de denúncia vazia, ou com desvio do foco para não respingar no governo passado. Quer vem um exemplo bem notório: o caixa dois utilizado pelo PT é chamado de "Mensalão do PT"; o caixa dois do PSDB é chamado de "Mensalão mineiro". Neste não se fala no Senador Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, nem tão pouco no atual governador de Minas Gerais e pré-candidato a presidente da República nas eleições de 2010, o Sr. Aécio Neves. E isso faz muita diferença: aliena a opinião pública.

        Opinião pública, segundo J. M. Othon Sidou, in Dicionário Jurídico. 2ª ed. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 2001, é o conceito fluido e oscilante de afirmação da vontade popular, em assuntos que dizem respeito à condução dos destinos de uma coletividade politicamente organizada .

        Ora, assim o sendo, por que a vontade popular quase não questionou a provável compra de votos de parlamentares para aprovação a Emenda Constitucional da reeleição de FHC; mas, ao contrário, questionou tanto a compra dos votos dos parlamentares mensaleiros do governo Lula? A resposta a essa pergunta é fácil. É porque aquele governo é de origem imperialista, jogava com as mesmas cartas da grande mídia, ou seja, nada de nacionalismo, tudo de entreguismo; este, ao contrário, tem origem trabalhista. Por isso, é odiado pela grande mídia, porque fere os seus interesses conservadores, imperialistas. Então, sendo assim, fica claro que as crises do atual governo não decorrem da opinião pública, mas, sim, do que escrevem os grandes colunistas da grande mídia escrita – jornais Folha de São Paulo e Estadão, e da revista Veja – e os grandes apresentadores e comentaristas da grande mídia televisada – a Rede Globo.

        Esse jogo sujo da grande mídia vem de muito tempo. Ela, através dos jornais Tribuna da Imprensa, do jornalista Carlos Lacerda, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, do Estado de São Paulo, do jornalista Júlio Mesquita Filho e do jornal O Globo, do jornalista Roberto Marinho, tinha ódio de Getúlio Vargas, que governou o Brasil no período compreendido entre 1951 a 1954, por ser trabalhista e nacionalista. Por isso, serviram de instrumento da CIA, para corromper a opinião pública a aceitar a todo custo a derrubada de Getúlio Vargas. A pressão foi tão grande e insuportável, que obrigou Getúlio Dornelles Vargas a suicidar-se, na manhã do dia 24 de agosto de 1954. Motivo puramente econômico, as empresas americanas não queriam que Getúlio desenvolvesse a indústria de base nacional, como a do aço e a da geração de energia elétrica, por exemplo, nem muito menos controlasse a remessa dos seus lucros para as suas matrizes. Em outras palavras, naquela época a nossa grande mídia, assim como hoje, já estava a serviço dos interesses imperialista, e não do povo brasileiro.

        O poder da grande mídia sempre foi muito forte. Tanto é verdade, que, em 1957, quando o presidente da República Juscelino Kubistschek tentou criar a TV pública, o magnata das comunicações brasileiras, na época, o dono dos Diários Associados e da TV Tupi, Assis Chateaubriand, deu-lhe o seguinte ultimado: "se você criar a TV pública eu lhe tiro da Presidência da República". E Juscelino desistiu da idéia, porque não queria abreviar o seu mandato. Certa vez, perguntaram a Chateaubriand porque ele não ia ser Ministro de Estado. E ele respondeu: "não preciso ser Ministro, eu faço ministros!".

        João Goulart, pela sua natureza trabalhista e nacionalista, a grande mídia da sua época não lhe deu trégua. Ela foi o corpo que se juntou à alma da CIA para impedir a posse de Jango, com a renúncia de Jânio Quadros. Não conseguiu, mas estimou fortemente a instituição do parlamentarismo, uma excrescência na nossa história republicana, para tirá-lo do centro do poder. Mas, o povo queria Jango também como chefe de governo; por isso, no plebiscito realizado no dia 06 de janeiro de 1963, cerca de nove milhões de leitores dos dez que votaram disseram SIM a Jango. Ele obteve o record de votação da nossa história, até então.

        Com os poderes que o sistema presidencialista dão ao presidente da República, e com o massivo apoio popular, Jango tentou implementar as reformas de base e controlar das remessas dos lucros das empresas multinacionais para os seus paises de origem. Foi o seu fim! A CIA preparou o golpe militar de 1964, com amplo apoio da grande mídia brasileira da época, sob o pretexto de previr o golpe dos comunistas, mas que, no fundo, era para impedir o desenvolvimento do país e manter a remessa dos extraordinários lucros das empresas americanas.

        Como o dito popular, a história se repete. Após a redemocratização do país, veio o governo FHC, que em maldita hora disse que tinha vindo para por fim à era Vagas. E, com amplo apoio da grande mídia, esfacelou o Brasil. Deu, a preço de banana, a Vale do Rio Doce, um patrimônio do povo brasileiro de certa de 200 bilhões de dólares, construído pela política nacionalista de Vargas. Um crime de lesa-pátria praticado pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso em co-autoria com a grande mídia. Foram oito anos de desmonte do Estado brasileiro. Mal sobrou a Petrobrás, criada também no governo Vargas, através da campanha "o petróleo é nosso". Mesmo assim, ainda quiseram mudar seu nome para Petrobrax. O Estado foi considerado vilão, sem competência para gerir seu patrimônio, o patrimônio do povo. Hoje, todo esse patrimônio, que foi vendido a preço de banana, está nas mãos dos grandes conglomerados econômicos internacionais, que além de campeões de desrespeito aos direitos dos consumidores, são livres de controle de remessas de lucros aos seus paises de origem. E as Agências Reguladores, criadas para fiscalizar os serviços públicos delegados, têm se comportado igual árbitro de futebol bom, ou seja, não aparece, e deixam os times jogarem como quer.

        Veio o primeiro governo Lula, de raízes trabalhistas, que teve de fazer enormes concessões aos imperialistas e entreguistas, mas, mesmo assim, não se livrou dos freqüentes ataques da grande mídia. Surgiu o "mensalão", que causou um enorme estrago ao PT, mas não conseguiu atingir o alvo principal, o presidente Lula.

        Para evitar um segundo governo Lula, a Rede Globo, em ato semelhante ao que fez no segundo turno da eleição de 1999, quando conseguiu emplacar o burguês, neófito e altruísta Fernando Collor de Melo, contra a vontade popular, nas vésperas do primeiro turno das últimas eleições presidenciais, deixou de noticiar a maior tragédia da aviação civil da nossa história, até então, o acidente do avião da Gol, onde morreram 155 pessoas, para noticiar a apreensão de petistas com uma mala de dinheiro para a compra de um suposto dossiê contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, o Sr. José Serra. O interessante dessa história é que antes da prisão em flagrante, uma equipe da Rede Globo, da Folha de São Paulo e dos comitês de campanha de Alkimin e Serra, respectivamente, candidatos a governador de São Paulo e a Presidente da República, já aguardava a equipe do Delegado federal Bruto, que fez a prisão em flagrante dos petistas. O Delegado Bruno exigiu que a notícia fosse dada no Jornal Nacional. E o golpe deu certo, pelo menos num primeiro momento, pois, Lula que já se considerava eleito, teve que adiar a sua vitória para o segundo turno.

        Mas, diferentemente do que aconteceu no segundo turno das eleições de 1999, a mídia internetizada, em especial aquela que não integra os provedores de propriedade da grande mídia (Uol, da Folha de São Paulo; G1, da Globo, etc), começou a vazar a maracutáia da Rede Globo, descoberta principalmente pela Revista Carta Capital. Resultado, os efeitos dessa maracutáia não conseguiram alcançar o segundo turno das eleições, e o Presidente Lula ganhou de Alckmin com a mesma diferença com que nocauteou Serra: 61% a 39%. Vitória da democracia, derrota da grande mídia.

        Uma vez derrotada pelo povo, a grande mídia não caiu na real. E o bombardeio ao governo do PT continua. Quase toda dia sai uma notícia nova com potencial de gerar uma nova crise no governo Lula, em especial a figura do presidente. É o trafico de influência do irmão Vavá; é a prisão do compadre; é o apagão aéreo; é a queda do avião da TAM; é o caso Renan, e por aí vai.

        Não se deve olvidar que os meios de comunicação, em especial o rádio e a televisão, que alcançam quase todos os 190 milhões de brasileiros, são do povo. Não são da Rede Globo, do jornal Folha de São Paulo, do Jornal o Estadão e nem da revista Veja. Estes são apenas, e tão somente, concessionários de serviço público de comunicação social, de informação. E como tal, são obrigados a veicularem informações verídicas, imparciais, de interesse do povo brasileiro, não, como têm feito, para interresses próprios e dos grandes conglomerados econômicos.

        Por outro lado, é importante que se diga que quase sempre a Pasta do Ministério das Comunicações, em qualquer governo, seja ele de raízes na direita, ou trabalhista, é entregue a um concessionário de serviço público de rádio difusão sonora (rádio) e de som e imagem (televisão). O atual, o Senador Hélio Costa, além de concessionário, é também ex-funcionário da Rede Globo. E se não bastasse, dos atuais 81 Senadores, 27 são concessionários de serviço público de rádio difusão de som e de som e imagem. É por isso que a grande mídia bate em todo mundo, principalmente nos poderes constituídos, muitas vezes com evidente desvio de finalidade. Mas, ao contrário, ela não admite qualquer controle externo. Diz logo que é censura, e que a censura é incompatível com a democracia.

        Num Estado Democrático de Direito não pode existir poder sem o controle do povo. Afinal, o povo é o verdadeiro dono do poder estatal. Portanto, cabe-lhe o controle de qualquer poder político, seja ele constituído, ou de fato, sob pena de abusos e desvio de finalidade.

        Diante do exposto, urge com absoluta prioridade que se regulamente as concessões de rádio difusão sonora e de som e imagem, para que a produção e a programação de suas emissoras de rádio e de televisão cumpram os princípios fundamentais da comunicação social, dispostos nos incisos do art. 221 da Constituição da República, quais sejam:
                I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
                II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
                III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, nos percentuais estabelecidos na lei;
                IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
                Do contrário, continuaremos refém de uma mídia acima dos poderes constituídos, ou seja, apelativa e golpista; inimiga do interesse público .

        Comunicação é poder, e como tal somente pode ser controlada pelo próprio poder. Assim, entendo que uma forma democrática de controlar o poder da mídia é com a criação da TV pública, que atue nos moldes da BBC inglesa, ou seja, sem ingerência do governante de plantão, e com a criação de um Conselho Nacional de Impressa, nos molde do atual Conselho Nacional de Justiça, para o seu controle externo.


BIBLIOGRAFIA:

AGUIAR, Ronaldo Conde. Vitória na Derrota. A morte de Getúlio Vargas. Rio de janeiro: Casa da Palavra.
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O Governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil, 1961-1964. 7ª ed. Rio de Janeiro: Revam; Brasília: EdUnB, 2001.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.
SIDOU,  J.M. Othon. Dicionário Jurídico. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
Site: http//conversa-afiada.ig.com.br/
Site: www.cpdoc.fgv.br/nav-jk/bibliografia

Site: www.tvcultura.com.br/rodaviva.


Boletim Jurídico - A grande mídia, um poder de fato que se sobrepõe aos poderes constituídos

 

terça-feira, maio 06, 2008

Agente público pode responder a processo por crime de desobediência

 

1/5/2008

Agente público pode responder a processo por crime de desobediência

 

É perfeitamente possível agente público responder a processo por crime de desobediência. A conclusão é da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao negar habeas corpus para trancar ação penal contra o ex-prefeito José Everaldo de Oliveira de Poço Verde, Estado de Sergipe, acusado de negar informações sobre realização de concurso solicitadas pelo Ministério Público.

 

Segundo a acusação, quando era prefeito ele teria praticado o crime previsto no artigo 10 da lei 7347/85, por não ter respondido a ofício do promotor de justiça da comarca. O pedido foi feito durante investigações do Inquérito Civil nº 01/99, instaurado para apurar a regularidade da realização de concurso público para provimento de cargos no Poder Executivo.

 

Diante da condenação em pena mínima e da ausência de provas do envolvimento do acusado em outros processos, o procurador de justiça propôs a suspensão condicional do processo, ficando o prefeito de comparecer à Justiça, a cada três meses, durante dois anos, para informar e justificar o cumprimento das condições estabelecidas.

 

No habeas corpus dirigido ao STJ, a defesa alegou constrangimento ilegal. Em liminar pediu a suspensão da obrigatoriedade do comparecimento trimestral à sede do Juízo para cumprir o sursis processual, e no mérito, o reconhecimento da atipicidade da conduta e o conseqüente trancamento da ação penal.

 

"Incontestável a atipicidade da conduta do paciente, quer porque não se apresenta como possível agente público praticar o crime de desobediência", afirmou o advogado. "Quer porque não fora preenchido o requisito do tipo penal contido no artigo 10, lei 7437/85, uma vez que o documento solicitado fora entregue e a ação civil pública ajuizada", completou.

 

Em parecer, o Ministério Público opinou pelo não conhecimento do habeas corpus. Segundo afirmou, se o paciente aceitou a suspensão condicional do processo, oferecido pelo Ministério Público, não há interesse de agir para a propositura da ação.

 

A Quinta Turma negou o pedido de habeas corpus para trancar a ação penal, observando que o agente público pode, sim, responder pela prática de crime de desobediência. "A denúncia demonstra, de forma clara e objetiva, o fato supostamente criminoso, com todas as circunstâncias, inclusive, evidenciando a indispensabilidade, para a propositura da ação civil pública, dos dados técnicos solicitados, nos termos do que prevê o tipo penal", considerou a relatora do caso, ministra Laurita Vaz.

 

Ao negar o habeas corpus, a ministra lembrou, ainda, que o trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é medida de exceção. "Só é admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade", ressaltou.

 

STJ

Agente público pode responder a processo por crime de desobediência

 

domingo, maio 04, 2008

Interesse Público de 2 de maio de 2008 - MPF apura novas irregularidades no Bolsa-Família — Noticias do MPF

 

Interesse Público de 2 de maio de 2008

25/4/2008 18h48

MPF apura novas irregularidades no Bolsa-Família

 

bolsa-família

 

No Ceará, o Ministério Público Federal recomendou aos municípios a atualização no cadastro de quem recebe o Bolsa-Família, para sanar irregularidades. Muitas famílias que não preenchem o perfil para receber o benefício do governo têm recebido indevidamente o dinheiro.

 

Assistir

Interesse Público de 2 de maio de 2008 — Noticias do MPF

 

Agente público pode responder a processo por crime de desobediência

 

1/5/2008

Agente público pode responder a processo por crime de desobediência

 

É perfeitamente possível agente público responder a processo por crime de desobediência. A conclusão é da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao negar habeas corpus para trancar ação penal contra o ex-prefeito José Everaldo de Oliveira de Poço Verde, Estado de Sergipe, acusado de negar informações sobre realização de concurso solicitadas pelo Ministério Público.

 

Segundo a acusação, quando era prefeito ele teria praticado o crime previsto no artigo 10 da lei 7347/85, por não ter respondido a ofício do promotor de justiça da comarca. O pedido foi feito durante investigações do Inquérito Civil nº 01/99, instaurado para apurar a regularidade da realização de concurso público para provimento de cargos no Poder Executivo.

 

Diante da condenação em pena mínima e da ausência de provas do envolvimento do acusado em outros processos, o procurador de justiça propôs a suspensão condicional do processo, ficando o prefeito de comparecer à Justiça, a cada três meses, durante dois anos, para informar e justificar o cumprimento das condições estabelecidas.

 

No habeas corpus dirigido ao STJ, a defesa alegou constrangimento ilegal. Em liminar pediu a suspensão da obrigatoriedade do comparecimento trimestral à sede do Juízo para cumprir o sursis processual, e no mérito, o reconhecimento da atipicidade da conduta e o conseqüente trancamento da ação penal.

 

"Incontestável a atipicidade da conduta do paciente, quer porque não se apresenta como possível agente público praticar o crime de desobediência", afirmou o advogado. "Quer porque não fora preenchido o requisito do tipo penal contido no artigo 10, lei 7437/85, uma vez que o documento solicitado fora entregue e a ação civil pública ajuizada", completou.

 

Em parecer, o Ministério Público opinou pelo não conhecimento do habeas corpus. Segundo afirmou, se o paciente aceitou a suspensão condicional do processo, oferecido pelo Ministério Público, não há interesse de agir para a propositura da ação.

 

A Quinta Turma negou o pedido de habeas corpus para trancar a ação penal, observando que o agente público pode, sim, responder pela prática de crime de desobediência. "A denúncia demonstra, de forma clara e objetiva, o fato supostamente criminoso, com todas as circunstâncias, inclusive, evidenciando a indispensabilidade, para a propositura da ação civil pública, dos dados técnicos solicitados, nos termos do que prevê o tipo penal", considerou a relatora do caso, ministra Laurita Vaz.

 

Ao negar o habeas corpus, a ministra lembrou, ainda, que o trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é medida de exceção. "Só é admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade", ressaltou.

 

STJ

Agente público pode responder a processo por crime de desobediência

 

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