Fonte:

Autor: Vitor F. Kümpel
Publicado em: 13/9/2005
Professor de Hermenêutica da Faculdade de Direito - Prof. Damásio de Jesus (FDDJ).
A grande preocupação de todo estudante no início do ano letivo, ocasião em que os ânimos estão renovados, é com a qualidade do seu estudo e a melhor forma de armazenar a grande gama de informações das mais diversas disciplinas jurídicas, considerando que em muitas, ou pelo menos em algumas, não houve o devido aprendizado nos bancos acadêmicos.
Todo o aprendizado – raciocínio, memória, pensamento e imaginação – depende de um órgão do corpo humano que pesa mais ou menos 1,3 quilo e é formado por 100 bilhões de neurônios que têm a capacidade de se multiplicar mais de 250 mil vezes por minuto nos dois primeiros meses de gestação e cujos prolongamentos parecem um emaranhado de fios: o cérebro, milagre nele próprio.
Há, no prolongamento dos neurônios, os dendritos, células pelas quais chegam informações fornecidas por outras células, gerando conhecimento. Cada um dos 100 bilhões de neurônios está ligado a, pelo menos, 10 mil outros, podendo receber 10 mil informações simultâneas, processo chamado de sinapse. Os neurônios, é fácil perceber, chegam a um número colossal de conclusões por segundo, mas é preciso que essas conclusões tenham significado, para serem enviadas por uma saída exclusiva chamada axônio. Por incrível que pareça, um neurônio jamais encosta em outro, e a informação, decodificada pelo hipocampo e canalizada pelo axônio, é armazenada graças a uma proteína chamada neurotransmissor, sintetizada pelas próprias células nervosas. Esse quadro, por si, demonstra que o número de informações o qual pode ser armazenado no cérebro é maior do que o número de estrelas conhecido pelo homem.
A assimilação – retenção da informação com a possibilidade de evocação – depende, num primeiro momento, dos órgãos dos sentidos. Na vida acadêmica são utilizados três tipos de canais: o visual (a pessoa lembra o local da página onde estava a informação), o auditivo (a pessoa recorda sua própria voz, se estuda falando em voz alta, ou a voz do Professor) e o sinestésico (a pessoa aprende escrevendo). Muito embora os estudantes tenham certa predominância numa das formas, as três devem ser adotadas para um aprendizado integral. Uma vez canalizada a informação, ocorre um rearranjo no circuito cerebral, uma alteração na taxa de disparos químicos entre os neurônios, alojando a informação na memória de curto prazo. É exatamente o que acontece quando o aluno anota as informações de aula do Professor ou presta atenção apenas naquilo que está sendo dito em sala de aula. A informação, na memória de curto prazo, não pode ser evocada após algum tempo e cai no esquecimento. É imperiosa a conversão da informação para a memória de longo prazo para que a retenção seja permanente. O hipocampo faz esse serviço arquivando as informações para o futuro, remetendo os dados para diferentes locais do córtex cerebral, onde ocorre uma alteração química muito mais profunda, que fortalece a ligação dos neurônios da massa cinzenta. O grau de densidade, profundidade e união entre as células cerebrais é que determinará a facilidade de evocação futura.
Nessa abordagem, podemos perceber que o aluno que assiste à aula até de forma atenta, mas não anota nada, ou aquele que anota, porém nunca mais abre o caderno, só conseguem reter a informação por um curto espaço de tempo. Para que a ligação entre os neurônios se consolide, é imprescindível a REPETIÇÃO da matéria dada em aula.
Diante desse quadro, podemos afirmar que algumas das posturas do aluno vitorioso na vida acadêmica são:
- comparecer assiduamente a todas as aulas;
- estar familiarizado com as informações prestadas pelo Professor;
- transcrever os principais ensinamentos expostos pelo Professor;
- revisar várias vezes as informações transcritas, até que elas se tornem suas;
- agregar o conteúdo recentemente conhecido com o que já se possuía, para ter-se um aprendizado completo.
Só não podemos deixar de salientar, para concluir, que o organismo, como sistema biológico, precisa de tempo para adaptar-se a cumprir esse importante papel de aprendizado, visto que as informações vão se sedimentando em outras até a maturidade acadêmica, ocasião que coincidirá com a almejada aprovação em concurso público.
Bibliografia
Berger, Lisa; Goldman, Robert. A saúde do cérebro. 3.ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
Carvalhaes, Ana Maria; Zita, M. Poock de S. Santos. Multiplique sua capacidade mental. São Paulo: Madras, 2001.
Goleman, Daniel. Inteligência emocional. 8.ª ed. São Paulo: Objetiva, 1995.
Kandel, Eric R.; Schwartz, James H.; Jessel, Thomas M. Essentials of neural science and behavior. Stamford: Appleton & Lange, 2001.
COMO CITAR ESTE ARTIGO:
KÜMPEL, Vitor F. A importância dos resumos no processo do aprendizado. Disponível na Internet: http://www.mundojuridico.adv.br. Acesso em xx de xxxxxxxx de xxxx.
Artigo publicado no Mundo Jurídico (www.mundojuridico.adv.br) em 25.02.2004
Baixe o artigo: texto751.rtf
Nenhum comentário:
Postar um comentário